A importância do Health Cluster Portugal
Nas funções que desempenho na Sociedade Portuguesa de Farmacêuticos dos Cuidados de Saúde (SPFCS), tenho desfrutado de inúmeras experiências e do contacto com centenas de pessoas, esmagadoramente relacionadas com o setor da saúde. Estes profissionais, uns trabalhando nos serviços públicos e outros em organizações privadas – do setor social ou empresarial – têm a mesma preocupação: conseguir prestar os melhores cuidados de saúde possíveis.
Esta experiência gratificante implica desenvolver e apoiar a comunicação e o marketing da SPFCS, respondendo às solicitações constantes de mais e melhor. O website da SPFCS já é uma peça gigantesca de código e conteúdos. A formação, graças ao website, já decorre em grande medida online, facilitando a participação de farmacêuticos de todas as partes do país, incluindo das ilhas, em cursos destinados a melhorar as suas competências.
O projeto do SPFCS Podcast é um dos mais visíveis. Com periodicidade semanal, este incrível conteúdo multimédia – está disponível em vídeo no YouTube e no Spotify e em áudio em todas as plataformas agregadoras de podcasts – é responsável pelo aumento da dimensão da SPFCS, chegando a todos os continentes e partilhando, gratuitamente, conteúdo relevante e importante para os farmacêuticos, mas não só.
Por isso, foi com muito gosto, mas também alguma surpresa, que aceitei o pedido para conduzir uma das conversas do SPFCS Podcast, a qual partilho neste meu site, por orgulho próprio, mas também para divulgar ainda mais um bom projeto da SPFCS.
Marketing para a Economia Azul – uma oportunidade para investir no Oceano
Portugal olha de frente para o mar há, pelo menos oito séculos. O potencial económico é gigantesco, mas frequentemente é negligenciado. Importa centrar as atenções nos inúmeros negócios que o mar pode potenciar, da pesca ao turismo, da energia à biodiversidade.
A pensar na grande área económica que o mar português representa, a Escola Superior de Ciências Empresariais do Politécnico de Viana do Castelo lança uma pós-graduação para formar profissionais de marketing focados na Economia Azul.
A pós-graduação em Marketing para a Economia Azul, desenvolvida no âmbito do PRR-BDA, tem como objetivo oferecer formação especializada na área do marketing para todas as organizações que se relacionem com a Economia Azul. O curso destina-se a licenciados, com experiência profissional, que tenham como objetivo vir a exercer funções nesta área ou que, trabalhando já na área, queiram aprimorar os conhecimentos, podendo assim ser capazes de satisfazer de forma esclarecida as necessidades, desafios e oportunidades empresariais e políticas, bem como a futuros empreendedores nesta área profissional e de conhecimento. Tendo a Organização das Nações Unidas decidido dedicar esta década ao estudo dos oceanos, é fundamental que exista formação de nível superior que contribua significativamente para este esforço internacional de conhecimento dos mares e da Economia Azul. Nesse sentido, a presente pós-graduação encontra-se alinhada na política de Estratégia Nacional para o Mar 2021-2030 da Direção Geral de Política do Mar da República Portuguesa.
A Escola Superior de Ciências Empresariais do Politécnico de Viana do Castelo, com uma oferta consolidada de formação especializada na área do marketing e das ciências empresariais, criou esta pós-graduação de forma a suprir as necessidades das organizações ligadas a este setor de atividade, reconhecendo a sua atualidade, pertinência e importância estratégica no contexto nacional e até internacional das questões relacionadas com a água e tudo o que com ela se relaciona (Economia Azul).
Descarregar o Programa: ESCE Brochuras PG Mkt E. Azul
A atração da marca territorial para os stakeholders internos de uma cidade
Já está disponível o meu último artigo científico sobre Place Branding, apresentado na 13ª Conferência Científica Internacional “Business and Management” 2023, organizada pela Universidade Vilnius, na Lituânia, nos dias 11 e 12 de maio de 2023, elaborado em parceria com a orientadora da tese de doutoramento, Teresa Barros. Este estudo qualitativo exploratório visa compreender a atração do Place Branding pelos stakeholders internos. O modelo de Kavaratzis (2009, 2012) serviu de orientação para esta investigação, a qual foi desenvolvida com recurso a uma metodologia de estudo de caso através de entrevistas (estudo de caso múltiplo, envolvendo as cidades do Porto e de São João da Madeira, pouco frequente neste domínio de investigação e, por isso, inovador).
O estudo efetuado indica que ambos os gestores de marcas de cidades reconhecem a importância do envolvimento das partes interessadas no processo de construção da marca de um lugar. O gestor da marca Porto salienta que todos os seus esforços são direcionados para a cidade e para todas as partes interessadas, especialmente a comunidade empresarial, incluindo as start-ups. Por outro lado, o diretor de marca São João da Madeira destaca o poder associativo da cidade, incluindo bombeiros, escolas e ONG, e salienta a importância das indústrias de calçado e chapéus. A maioria dos entrevistados concorda que a comunicação dos gestores das marcas locais está relacionada com A maioria dos entrevistados concorda que a comunicação dos gestores de marcas de lugar está relacionada com a visão da cidade e considera a Câmara Municipal responsável pela promoção dos valores e da visão da cidade. O estudo também revela que os stakeholders que estão mais envolvidos com a cidade, têm uma imagem mais positiva da sua marca e contribuem de forma mais efetiva para a eficácia do branding. De acordo com a maioria dos entrevistados, a comunicação dos gestores da marca local está intimamente ligada à visão da cidade. É referido que as autoridades são responsáveis pela preservação da cidade e pelo bem-estar dos cidadãos, bem como por garantir o bem-estar dos seus cidadãos. É igualmente sublinhado que o sentimento de segurança da cidade é um símbolo fundamental. As partes interessadas que estão mais envolvidas com a cidade tendem a ter uma visão mais favorável da sua marca e a dar um feedback mais positivo.
Promover um negócio através de um Podcast
O podcast pode ser uma poderosa ferramenta de comunicação e marketing para impulsionar a atividade comercial de uma empresa.
Os podcasts são um formato áudio nascido nos anos 2000. A expressão, cunhada pelo jornalista britânico Ben Hammersley num artigo publicado no jornal “The Guardian”, em 2004, combina as palavras iPod (um dispositivo para audição de música criado pela Apple) e broadcast, que significa transmissão, em inglês.
A popularidade do podcast só ocorreu a partir de 2014, com o programa “Serial”, que narrava histórias de crimes através de uma narrativa de investigação detectivesca, que atraiu milhões de seguidores em todo o mundo. Atualmente, estações de rádio e televisão promovem os seus conteúdos neste formato, com especial destaque para a rádio Observador, que se notabilizou nesta área e distribui todos os seus programas, de forma gratuita, neste formato.
De fácil acesso – basta ter no smartphone uma das aplicações disponíveis: dos conhecidos Apple Podcasts, Spotify, Google Podcasts e Amazon Music a agregadores menos populares, como Overcast, SoundCloud ou Deezer – quase sempre gratuitos, é um formato de comunicação extremamente versátil e eficaz. Mais recentemente, alguns produtores adicionaram vídeo ao podcast, permitindo um novo alcance do produto. O podcasting continua a crescer e evoluir, com mais pessoas em todo o mundo a criar e consumir conteúdos em formato de áudio.
A criação de um podcast é fácil, desde que se sigam alguns passos:
1 – Em primeiro lugar, é imprescindível identificar o objetivo do podcast. Educação, entretenimento, informação ou ajudar a vender um produto ou serviço? A definição do objetivo vai determinar o resto do modelo a seguir;
2 – Seguidamente, identificar o público-alvo. Para quem se vai comunicar? Conhecer a audiência vai permitir desenvolver os melhores conteúdos, ajustados aos potenciais interessados, uma vez que se procurará satisfazer uma necessidade específica;
3 – Planear os episódios é, depois, fundamental para assegurar-se a cadência e a continuidade do projeto. Planear os episódios com antecedência permite endereçar os convites aos convidados com tempo, preparar os temas e os textos para cada edição.
4 – Possuir o equipamento adequado. Ainda que seja possível, sem grande dificuldade, criar um podcast com um smartphone e um microfone, compensa investir em equipamentos de melhor qualidade, sobretudo no que aos microfones diz respeito. Se vai adicionar vídeo ao podcast, então adquirir uma boa câmara fotográfica que filme em 4k é uma obrigação.
5 – A produção, pós-produção e edição dos episódios, sobretudo se não optar pelo conceito ao vivo, cuja gravação decorre em tempo real, implica a utilização de programas informáticos especializados. Felizmente, existem alternativas gratuitas, sendo as mais conhecidas o Audacity, apenas para som, e o Clipchamp, se quiser adicionar vídeo. Soluções mais completas, incluem o Riverside ou o CleanFeed. Ambas possuem versões gratuitas, embora com limitações significativas.
6 – Finalmente, chegou a hora de distribuir o episódio. Existem várias plataformas gratuitas que efetuam esta tarefa, sendo atualmente uma das melhores o Spotify for Podcasters, anteriormente conhecido por Anchor, já que num único local assegura-se a distribuição do podcast por todas as outras plataformas.
7 – Agora que o podcast está disponível, importa realizar uma campanha de comunicação para promover o conteúdo. O site, as redes sociais, de forma orgânica ou paga, devem ser utilizados de modo consistente e regular, para aumentar o envolvimento, a subscrição do podaste e a audição dos episódios.
8 – Analisar as métricas, o feedback dos ouvintes e o impacto do podcast é essencial para melhorar os conteúdos, a produção ou a regularidade da sua disponibilização. A audiência é quem vai ditar o sucesso ou insucesso do formato.
Criar um podcast pode, assim, ser uma excelente opção para PME com dificuldades em atingir os seus públicos-alvo, sendo um formato de comunicação barato e de grande impacto.
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Aumentar a competitividade através dos estudos de mercado
Atualmente, as pequenas e médias empresas (PME) enfrentam ambientes de negócios altamente competitivos e desafiadores. Para sobreviver e prosperar nestes cenários, é essencial que as PME compreendam as necessidades, preferências e comportamentos dos consumidores. E é aí que entram os estudos de mercado. Uma ferramenta cada vez mais acessível, com um potencial gigantesco de contribuição para melhores decisões de gestão e marketing.
Os estudos de mercado, quando bem executados, fornecem informações muito valiosas sobre o mercado-alvo de uma PME. Ajudam as empresas a entender o perfil do cliente, a identificar as necessidades do mercado e a analisar a concorrência. Ao realizar estudos de mercado adequados, as PME podem tomar decisões estratégicas sustentadas em dados sólidos, minimizando os riscos e maximizando as oportunidades.
Uma das principais vantagens dos estudos de mercado é que estes ajudam as PME a conhecerem melhor o seu público-alvo. Ao compreender os desejos, necessidades e preferências dos consumidores, as empresas podem adaptar os seus produtos, os serviços e as estratégias de marketing de forma muito mais eficaz. Isso resulta na maior satisfação do cliente, na sua fidelização e, consequentemente, num aumento das vendas e dos lucros.
Por outro lado, os estudos de mercado permitem que as PME identifiquem tendências e mudanças subtis no mercado. Isso é fundamental para que as empresas se mantenham atualizadas e se adaptem rapidamente às novas necessidades dos consumidores. Por exemplo, se uma empresa de vestuário descobre que os consumidores estão cada vez mais interessados em roupas sustentáveis, é possível pode ajustar a produção e as estratégias de marketing para responder a essa procura crescente.
Os estudos de mercado também ajudam as PME a avaliarem a concorrência de forma mais precisa. Ao analisar o posicionamento, os preços, os produtos e as estratégias de marketing dos concorrentes, as PME podem identificar oportunidades de diferenciação e desenvolver uma vantagem competitiva. Compreender a concorrência é essencial para garantir que a empresa se destaque num mercado, muitas vezes, demasiado saturado.
Os estudos de mercado são, assim, ferramentas indispensáveis para as PME. Fornecem informações valiosas sobre o mercado-alvo, ajudam a conhecer melhor os clientes, a identificar tendências e mudanças no mercado, bem como a avaliar a concorrência. Com base no conhecimento obtido, as PME podem tomar decisões estratégicas mais informadas, aumentar a sua competitividade e alcançar o sucesso a longo prazo. Portanto, investir em estudos de mercado é essencial para o crescimento e a sobrevivência das PME no atual cenário empresarial.
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Transição digital e inovação na agenda do Compete 2030
A transição digital da economia portuguesa e a inovação são os valores mais importantes para a nova fase de candidatura aos fundos europeus. No total, vão estar disponíveis quase 4 mil milhões de euros destinados a “projetos nas áreas da Inovação Produtiva, Qualificação e Internacionalização das PME, Investigação e Desenvolvimento, Transição Climática e Energética e Qualificação dos Recursos Humanos, entre outras”[1], através do Compete 2030.
Estes projetos devem ser, prioritariamente, de PME, embora as grandes empresas também possam beneficiar, desde que as operações sejam financiadas pelo FTJ e aprovadas no âmbito dos Planos Territoriais para uma Transição Justa. A inovação produtiva pode ser expressa por intermédio da criação de um novo estabelecimento, do aumento da capacidade de um estabelecimento já existente, da diversificação da produção ou da alteração fundamental do processo global de produção. São consideradas despesas elegíveis, sobretudo, os ativos corpóreos e incorpóreos ou, em alternativa, custos salariais; a construção de edifícios, obras de remodelação e outras construções (para os setores da indústria e do turismo); a aquisição de material circulante (exclusivamente para o setor do turismo); e a formação dos recursos humanos.
O tecido empresarial deve, assim, começar a preparar-se para esta nova fase de investimento financiado, através de projetos que elevem a capacidade produtiva das empresas, pelo recurso à inovação e apostando na digitalização das atividades. A inovação, de acordo com o Manual de Oslo, pode ser ao nível do produto, do processo, organizacional e de marketing. Já a transição digital contribui para o aumento da produtividade e para a internacionalização dos negócios.
Pelo expresso acima, os setores mais privilegiados no Compete 2030 serão, sem dúvida nenhuma, a indústria e o turismo, especialmente importantes pela sua capacidade de gerar produtos e serviços transacionáveis. Assim, estes apoios europeus poderão contribuir, significativamente, para o aumento da produtividade nacional e gerar balanças comerciais positivas, assim o queiram e ambicionem os empresários portugueses, e o permitam as autoridades avaliadoras dos projetos.
Recorde-se que[2] “os Sistemas de Incentivos, consubstanciando apoios diretos às empresas, constituem uma parte muito relevante dos apoios dos fundos europeus, tendo contribuído para a transformação do tecido produtivo nacional, apoiando a criação de bens e serviços inovadores e de maior valor acrescentado, para a qualificação das empresas, fomentando o investimento em fatores imateriais de competitividade, e para a internacionalização da economia, promovendo as exportações”.
[1] Compete 2030, in revista Portugal Global, maio 2023, AICEP
[2] Portaria nº 103-A/2023, de 12 de abril
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O diabo das empresas só pensam no lucro
Os lucros das empresas tem sido assunto de debate nas últimas semanas. Quando a inflação dispara (já vai em 9,1%) e a economia contrai 0,2% no segundo semestre (se os bens sobem de preço e as pessoas ganham o mesmo ou menos, é normal uma retração no consumo) parece ao consumidor comum um escândalo que as empresas gerem lucros fora do normal.
Esta opinião é natural no tal consumidor comum, pouco versado nas temáticas da economia, da política e das empresas. Já em pessoas mais instruídas nestes assuntos ou com responsabilidades políticas é inaceitável.
O Estado português, a reboque da inflação e da subida generalizada dos preços, já conseguiu arrecadar mais quase 2 mil milhões de euros em seis meses. Não se vê ninguém insurgir contra este lucro excessivo e inesperado do Estado, nem pedir para que o mesmo seja distribuído pelos contribuintes.
Há décadas que as empresas são diabolizadas e os empresários condenados enquanto seres gananciosos que só pensam em espezinhar os trabalhadores para ganharem mais uns tostões. São gente desprezível que só pensa em viaturas de alta cilindrada e marcas de luxo, em férias em resorts de verão ou de neve, enquanto os seus funcionários labutam dez horas diárias a troco de uma côdea de pão. E quando emergem empresas com lucros avultados, “Aqui d’EL Rei!” que só podem ter ganho dinheiro à custa de trabalho escravo ou da especulação.
O principal objetivo de uma empresa não é, contudo, gerar lucros. Analisem várias das grandes empresas mundiais, como a Spotify, a Uber ou a Farfetch para se perceber que durante anos acumularam prejuízos e, mesmo assim, continuaram a ser atrativas para os investidores. Porque o principal objetivo de uma empresa é gerar dividendos para os seus investidores, acionistas ou proprietários. Só que para obterem estes ganhos, há que ter um produto que o mercado deseje, produzido e entregue da forma mais eficiente possível, satisfazendo uma necessidade do consumidor. Resumindo, se a empresa não conseguir criar valor, não vai conseguir satisfazer os seus clientes, não gera retorno financeiro para continuar a investir, a inovar e a remunerar os investidores para que continuem a apostar na empresa.
Quando a empresa dá prejuízo, alguém tem pena dos acionistas e manifesta-se na rua para que sejam ressarcidos? Ou faz parte da atividade empresarial o risco do negócio? A expetativa é que a empresa dê dinheiro, mas muitas vezes perde-se avultadas quantias, frequentemente durante vários anos.
Muitos portugueses acreditam que as empresas são sempre malignas e que ganham dinheiro por meios escuros ou mesmo criminosos. Esta opinião advém da dependência do Estado criada ao longo dos dois últimos séculos. Milhões nunca tiveram uma experiência no setor privado, nem nunca pensaram em ser empreendedores. Depois, por desconhecimento, acham que a parte retida pela empresa (IRS, seguro e Segurança Social) fica na empresa e não que vai para o tal Estado que idolatram. Quando o Governo defende um aumento de 20% para os salários dos portugueses, procura esconder que o trabalhador vai receber menos ao subir de escalão e a descontar ainda mais para o Estado.
Atente-se, ainda, aos trabalhadores independentes. Por cada recibo que emitem, descontam de imediato 25% em IRS. Despesas de deslocação – vulgo quilómetros – são taxados como sendo remuneração. Por isso, além dos impostos sobre os produtos petrolíferos – equivalentes a mais de 50% em cada litro – o trabalhador a recibo verde ainda tem de pagar, à cabeça, 25% sobre os valores cobrados, contabilizados como ganho e não como custo.
As empresas têm inúmeros custos. São impostos, taxas e taxinhas que limitam a capacidade de resposta. Impedem que se pague melhor ao trabalhador. Aumentar 200 euros, por exemplo, implica um custo na ordem dos 400 euros para a empresa e um rendimento líquido para o trabalhador inferior a 50 euros. Na maioria dos aumentos, o Estado acaba por receber metade ou mais. Os descontos para a Segurança Social e para o IRS, na esmagadora maioria dos salários, são praticamente idênticos ao salário líquido. Ou seja, um português passa entre 35 a 45 horas por semana a trabalhar para entregar metade do seu esforço à máquina tributária do Estado. Assim, qual a motivação para sermos melhores, crescermos e ganharmos mais dinheiro com a nossa atividade?
Portugal não tem grandes empresas. As maiores são insignificantes mesmo a nível ibérico. Por isso são compradas facilmente por interesses estrangeiros. A falta de capital resulta num país mais pobre, em empresas fracas ou inábeis, em salários baixos e na perceção de que apenas o Estado nos pode salvar. Quando deixar de haver gente para pagar impostos, porque todos seremos financiados, de uma ou outra forma, pelo Orçamento de Estado, onde é que o Governo irá buscar a receita de que necessita?
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Marketing e comércio digital para pequenos negócios
O Marketing Digital é fundamental para todos os negócios, pela facilidade em chegar-se até aos potenciais clientes e pelo baixo custo dos investimentos nesta área.
Evidentemente, é possível contratar uma empresa ou um profissional especializado em Marketing Digital para realizar todas as tarefas e atividades de contacto e relacionamento com os nossos clientes. No entanto, tal não é necessário. Qualquer pessoa, que conheça e domine os processos inerentes ao seu negócio, pode executar a esmagadora maioria das atividades de Marketing Digital.
Uma das principais estratégias é a de marketing de conteúdos, ou seja, a criação de elementos criativos – textos, imagens, gráficos, vídeos e outros – com caráter de utilidade para o nosso público-alvo. Com alguns conhecimentos básicos e com o recurso a um ou outro serviço externo – às vezes até fornecido por um familiar ou um amigo – qualquer pessoa consegue assegurar as publicações nas principais redes sociais de conteúdos capazes de atrair a atenção dos nossos clientes, despertar-lhes o interesse, provocar o desejo para transformar numa ação que os leve a comprar o nosso produto – modelo AIDA da comunicação.
No entanto, a peça unificadora deve ser a estratégia de marketing, sem a qual, todas as tarefas executadas perdem sentido e geram ineficiências. O segredo de qualquer trabalho de Marketing Digital reside, assim, na definição da melhor estratégia para atingir os objetivos da empresa ou do negócio.
Dado que as micro e pequenas empresas, raramente, possuem profissionais especializados em marketing e estratégia, é fundamental que os seus responsáveis e colaboradores conheçam e dominem as principais ferramentas para saber conduzir os seus negócios na Internet. A formação emerge, deste modo, como a forma mais fácil para se atingir este objetivo, através da criação de valor interno, o qual beneficia a empresa e permite aumentar o potencial retorno do negócio.
Preparei, assim, uma formação destinada a micro e pequenos empresários da região de Amarante, através da Regras e Sugestões, com 100 horas de conhecimento, táticas e ferramentas adequados para lidar com o mundo digital. Inscreva-se, gratuitamente, e fique por dentro de tudo o que precisa de saber para gerar contactos, relacionar-se com os seus clientes e aumentar as vendas online.
Portugal a caminho de ser o país mais pobre da União Europeia?
Portugal é o sétimo país mais pobre na União Europeia. Atrás apenas restam Bulgária, Grécia, Eslováquia, Croácia, Letónia e Roménia. E, se nada for feito em breve, até a Roménia irá ultrapassar Portugal em riqueza per capita em paridades de poder de compra. Depois de Portugal ter sido superado por Eslovénia, Malta, Chéquia, Estónia e Lituânia, mais recentemente foi a vez de Polónia e Hungria passarem à frente do nosso país.
Nos últimos 20 anos, a maioria dos países da União melhoraram os seus indicadores, as economias cresceram e os seus habitantes estão mais ricos do que no início do século. No entanto, Portugal, apesar dos milhões de euros diários provenientes dos fundos europeus, continua a divergir da maioria dos países da União.
Quais as razões para que Portugal continue praticamente estagnado, enquanto uma dúzia de países, os quais entraram na União Europeia apenas em 2004 e 2007, conseguiram aproveitar os fundos europeus para introduzir políticas liberais, criar condições adequadas ao crescimento económico e progredir nos principais indicadores de riqueza?
Desde 1986, quando Portugal registou um saldo positivo nas transferências públicas com a União Europeia de 124,5 milhões, e até 2021, quando o saldo ultrapassou os 4 mil milhões de euros, o país teve à sua disposição mais de 78 mil milhões de euros para melhorar a economia nacional. Esforço que não foi suficiente para melhorar a vida dos cidadãos, dos quais cerca de um milhão decidiu encontrar uma nova perspetiva de vida noutro país, nem para ajudar as empresas nacionais a crescer e a poder competir internacionalmente.
O investimento português, público e privado, não tem variado muito desde 1995. O Estado tem alocado entre 3 a 6 mil milhões de euros por ano, enquanto os privados injetaram na economia entre 20 e 42 mil milhões de euros por ano, nos últimos 26 anos.
Vários estudos apontam para a baixa escolaridade dos Portugueses e as baixas qualificações dos trabalhadores nacionais para justificar o melhor desempenho das economias de países que, há poucos anos, obedeciam a regras centralizadas próprias de Estados socialistas. Desde 2000, 70% da população ativa residente tinha frequentado apenas o ensino básico e pouco mais de 9% tinha concluído o ensino superior. Os números estão mais equilibrados 20 anos depois – 35% concluíram o ensino básico, 30,6% o ensino secundário e 33,8% o ensino superior – ainda que continuem distantes dos registados na maioria dos países à frente de Portugal, sendo mesmo o menos educado da União Europeia. Em Portugal, a percentagem de cidadãos com, pelo menos, o ensino secundário é de apenas 55,4%, contra uma média acima de 90% nos países do Leste Europeu.
Trabalhadores mais qualificados ganham mais, têm mais opções profissionais e conseguem sair de situações de crise mais rapidamente do que pessoas com menos formação.
Em 20 anos, Portugal melhorou a situação geral, mas não conseguiu aproximar-se da média europeia em termos de escolaridade e qualificações da sua população ativa. Todos os países que ultrapassaram Portugal tiveram de enfrentar os mesmos problemas do que o nosso país, da crise do subprime, à Covid-19. E todos saíram melhor e mais rapidamente do que Portugal, cuja economia continua a crescer de forma muito anémica, inclusive abaixo da média europeia.
Os fundos do Plano de Recuperação e Resiliência estão a ser injetados em Portugal. Infelizmente, mais na máquina do Estado do que na economia real e reprodutiva. Ao menos que seja investido no sistema de ensino, na melhoria real das competências e das qualificações dos portugueses, para daqui a 20 anos não estarmos entre os mais pobres dos 34 países que constituirão a União Europeia.
Inovação: de Marshall ao Manual de Oslo
A inovação é um dos grandes temas da atualidade, mas saberemos do que se trata, do que implica e o que envolve?
No final do século XIX, Alfred Marshall publicou, em oito edições, ‘Principles of Economy’, onde distinguia inovação de otimização (Lazonick, 2005). É dele, igualmente, o conceito de que uma empresa desaparece em três gerações: um empreendedor de excelentes qualidades funda uma empresa que alcança o sucesso; a segunda geração toma o controlo do negócio e, por não possuir as características do fundador, faz com que a empresa cresça mais lentamente ou estagne; por fim, a terceira geração perde o contacto com o legado de inovação do fundador e a empresa desaparece perante a concorrência empreendedora (Lazonick, 2005, p. 31).
Joseph Schumpeter, no entanto, é considerado o primeiro economista a destacar a importância da inovação (Rogers, 1998), tendo influenciado as teorias de inovação (OCDE, 2005). Defendeu que o desenvolvimento económico ocorre devido à inovação por intermédio de um processo dinâmico que Schumpeter denominou como «destruição criativa», no qual inovações incrementais contribuem para o processo da mudança (OCDE, 2005, p. 29). Em 1934, Shumpeter propôs cinco tipos de inovação, parte dos quais ainda hoje se mantêm atuais e considerados no Manual de Oslo:
- introdução de novos produtos;
- introdução de novos métodos de produção;
- abertura de novos mercados;
- desenvolvimento de novas fontes de matéria-prima ou outros;
- criação de novas estruturas de mercado numa indústria.
O Manual de Oslo, recentemente atualizado, é um instrumento publicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) que oferece as diretrizes para a recolha e interpretação de dados sobre inovação, defende que é «crucial saber porque as empresas inovam» (OCDE, 2005, p. 29) e define inovação como a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, um novo método de marketing ou novas práticas no método organizacional do negócio, na organização do local de trabalho ou nas relações externas (OCDE, 2005, p. 46).
Segundo o Manual de Oslo, uma inovação de produto significa a introdução de um bem ou serviço novo ou significativamente melhorado no que diz respeito às suas características ou utilização. Inovação de processo ocorre com a implementação de um método de produção ou de distribuição novo ou significativamente melhorado, como modificações significativas nas técnicas, no equipamento ou no software. Inovação de marketing é a implementação de um novo método de marketing, envolvendo alterações significativas no design de produto ou na embalagem, distribuição, promoção ou preço. Inovação organizacional é a implementação de um novo método de organização das práticas empresariais, do local de trabalho ou das relações externas. |
O investimento no aumento do stock de fatores específicos da empresa – inovação do processo – ou o investimento na criação de um novo stock inicial de fatores específicos da empresa – inovação do produto – são os dois principais tipos de inovação defendidos por Atkeson & Burstein (2010).
Um estudo (Atalay, et al., 2013) realizado junto da indústria de componentes do setor automóvel da Turquia comprovou que, dos quatro tipos de inovação definidos pelo Manual de Oslo, apenas as inovações de produto e de processo aportavam significativo efeito no desempenho das organizações, em consonância com diversos estudos citados pelos autores: Therrien et al., 2011; Gunday et al., 2011; Artz et al., 2010; Cho & Pucik. 2005; Calantone et al., 2002; Robert, 1999; Han et al., 1998; Geroski et al., 1993.
A introdução de novos e melhores produtos é, reconhecidamente, a grande força motriz do desenvolvimento económico das nações «desde os clássicos do pensamento económico à mais recente literatura do crescimento endógeno» (Bratti & Felice, 2012).
Os tipos de inovação podem ser elencados da seguinte forma:
Tabela 1 – Classificação da Inovação
Classificação | Variável | Autores |
Inovação de produto
Inovação de processo |
Introdução de novos produtos/processos no mercado ou melhoramento dos existentes | Abernathy & Utterback (1988); (OCDE, 1992, 1997) |
Inovação tecnológica
Inovação social |
Modificação no produto/processo ou organização | Beije (1998) |
Inovação radical
Inovação incremental |
Grau de novidade do produto/processo | Leifere et al. (2000) |
Novo para a empresa
Novo para o mercado |
Novidade para a empresa/para o mercado | Kemp et al. (2003) |
(FONTE: Marques, 2004)
Nesta tabela estão definidas as variáveis de inovação por cada classificação e os respetivos autores.
Inovar está, assim, nas mãos daqueles que arriscam, apostam na mudança e revelam-se determinados em trabalhar em prol da criação de valor para as empresas, para a sociedade e para a vida das pessoas.
Obras Citadas
Atalay, M., Anafarta, N. & Sarvan, F., 2013. The Relationship between Innovation and Firm Performance: An Empirical Evidence From Turkish Automotive Supplier Industry. Antalya, Elsevier.
Bratti, M. & Felice, G., 2012. Are Exporters More Likely to Introduce Product Innovations?. The World Economy, Volume 35 (11), pp. 1559-1598.
Lazonick, W., 2005. The Innovative Firm. Em: D. C. M. e. R. R. N. Jan Fagerberg, ed. The Oxford Handbook of Innovation. Nova Iorque: Oxford University Press, pp. 29-55.
OCDE, 2005. Oslo Manual – Guidelines for collecting and interpreting innovation data, s.l.: OCDE Publishing.
Rogers, M., 1998. The definition and measurement of innovation, Melbourne: Melbourne Institute of Applied Economy and Social Research – The University of Melbourne.
Foto: Joshua Sortino on Unsplash