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Criar uma marca pessoal em 8 passos – parte I

O processo de criação de uma marca não acaba com o desenho do logótipo e a definição de um slogan. Tal como qualquer pessoa, uma marca deve ter uma personalidade própria e distintiva. Não há duas pessoas iguais, pois não? Nem mesmo os gémeos. E tal como as pessoas, uma marca nasce, desenvolve-se e, eventualmente, acaba por desaparecer.

Todas as marcas de automóveis prometem, em relação aos seus modelos, a capacidade de nos deslocarmos entre o ponto A e o ponto B. Mas existem marcas que nos prometem levar entre o ponto A e o ponto B com mais segurança. Outras com mais conforto. Outras ainda com maior rapidez. Estas são promessas distintivas do posicionamento da marca, ou seja, a forma como a marca ambiciona ser percecionada pelo consumidor.

Na criação de uma marca pessoal o pensamento deve ser o mesmo, com a vantagem de que as pessoas, de facto, já têm personalidade.

Passo 1 – A notoriedade negativa

Antes de entrarmos no mercado de trabalho, muito provavelmente ninguém sabe que existimos. A notoriedade da nossa marca pessoal é extremamente reduzida, para não dizer igual a zero. Está bem, alguns amigos e familiares conhecem-nos. Mas pouco mais. Além disso, quando saímos de um curso superior ou de formação profissional podemos achar que somos os maiores especialistas em determinada área, mas quantos colegas nossos terminaram precisamente a mesma formação? Na realidade, temos muito pouco de substancialmente diferente para oferecer ao mercado.

As boas notícias? Dada a nossa situação só podemos melhorar.

Vamos fazer um pequeno exercício: pense nas primeiras 15 marcas de luxo que lhe venham à cabeça e escreva-as numa folha de papel.

Já terminou? Olhe para essas marcas. Quantas são o nome do criador da marca? No meu caso são 12.

Todas estas pessoas que decidiram criar e desenvolver uma marca ostentando o seu nome – ou da filha, no caso da Mercedes – partiram do mesmo ponto muito reduzido de notoriedade pessoal. Por isso, se estas pessoas conseguiram, porque não havemos nós de atingir o mesmo objetivo?

Desde que respeitemos estes simples 8 passos poderemos alcançar o mesmo sucesso desses visionários.

Passo 2 – Quem somos?

Pegue numa outra folha de papel e divida-a a meio verticalmente com um traço de esferográfica. Escreva, do lado esquerdo, as qualidades que fazem de si um profissional único. Pense e vasculhe bem a sua mente. Não se limite às qualificações académicas. Lembre-se de tudo o que já fez, vivenciou e experimentou. Escreva tudo o que considerar ser útil ou corresponder a uma competência única. Do lado direito, assinale todos os seus defeitos, as coisas que gostaria de saber fazer e não sabe, bem como tudo o que faz, mas de forma errada, insatisfatória ou com erros. Fala corretamente Inglês, mas dá muitos erros a escrever, por exemplo.

Analise bem o que escreveu. Este é o seu perfil de competências. Na folha de papel estão indicadas as suas principais competências e inaptidões. Ao longo do tempo, nunca esqueça de ir atualizando esta informação, porque todos os dias aprendemos coisas novas.

Passo 3 – Onde podemos trabalhar?

Agora reflita sobre onde uma pessoa com estas características poderia ser mais eficiente. Qual o tipo de indústria, negócio ou empresa onde estas competências poderiam representar uma mais-valia? Esse será o seu principal mercado de atuação.

Do outro lado da mesma folha escreva tudo o que sabe sobre esse mercado. Quem são as principais empresas, os fornecedores, os clientes, os canais de distribuição, as possíveis ameaças e constrangimentos deste negócio. Onde é que o seu perfil mais se adequa? Qual o ponto da cadeia de valor onde se poderá inserir com maior vantagem para o processo?

Passo 4 – Com quem mais gostaríamos de trabalhar?

Já conhecemos o nosso potencial e em que tipo de mercado podemos representar uma mais-valia. Passemos, então, a definir o perfil do cliente desejado. Com quem gostaríamos mais de trabalhar? Onde nos poderíamos sentir mais realizados?

Muitas vezes, os jovens licenciados optam por grandes multinacionais sem terem feito este trabalho de análise. E acabam a detestar a experiência. Nem todos os profissionais estão aptos para trabalhar numa grande estrutura, mas serão de grande utilidade em empresas mais pequenas. E, recorde-se, mais de 90% do tecido empresarial é composto por micro e pequenas empresas.

Escrevamos, agora, o uma definição para o cliente desejado. Para que tipo de pessoa/empresa gostaria de poder trabalhar? Começamos a segmentar o mercado, eliminando os perfis de empresas que não nos interessam.

Estamos a meio do processo de criação da nossa marca pessoal. Não foi assim tão difícil, pois não?

No próximo artigo ficaremos a saber os quatro passos seguintes, nomeadamente sobre quais os principais atributos que a nossa marca deve possuir para se distinguir no meio de tantas marcas semelhantes.

Engage… quê? Descomplicar o Marketing.

Todas as pessoas que assumam a liderança de uma empresa, como explica Kotler[1], procuram alcançar o sucesso para a sua organização. Independentemente da dimensão desta, o objetivo é sempre o mesmo: construir uma empresa sustentável e permanentemente em desenvolvimento. Para alcançarem este propósito, os gestores contam com a estratégia mais adequada ao setor e tipo de mercado, funcionários empenhados e dedicados, sistemas de informação atualizados e eficazes e uma grande capacidade de implementação e motivação. As empresas que atingem o sucesso tão almejado são aquelas que se dedicam, sobretudo, a satisfazer as necessidades dos seus consumidores e dos seus clientes. Definem claramente quais são os públicos-alvo, dirigem toda a organização para a produção de valor para os consumidores e obtêm elevados índices de satisfação.

O Marketing é a função empresarial aplicada à relação direta com os consumidores. A criação de valor e a satisfação do consumidor são centrais para o mundo dos negócios atual e, numa perspetiva simplista, a melhor definição, de acordo com Kotler, considera o Marketing como a entrega de satisfação do consumidor com lucro. Tem como objetivo a atração de novos clientes através de uma promessa de valor superior e a manutenção dos clientes atuais pela oferta de satisfação.

Sendo o Marketing um processo assente em princípios e pressupostos muito intuitivos (ainda que nos últimos anos se tenham dado passos extraordinários na área do Neuromarketing), relacionados com comportamentos humanos, muitas empresas já aplicam muitas das suas diretrizes, ainda que o desconheçam. Assim, apesar de habitualmente considerada uma prática exclusivamente para grandes empresas e multinacionais, o Marketing pode e deve ser utilizado por qualquer tipo de organização, com ou sem fins lucrativos, de pequena, média ou grande dimensão.

Acima de tudo, o estabelecimento de objetivos de Marketing vai contribuir para a sistematização dos processos. Ao introduzir a cultura de Marketing na organização, a empresa vai melhorar o relacionamento com o cliente e a satisfação do cliente passará a ser o motor da atividade de todos os seus funcionários. Em resultado, a empresa receberá clientes mais fiéis, mais satisfeitos e mais propensos a divulgar o seu negócio junto de familiares e amigos, promovendo o envolvimento (engagement[2]) entre a marca e o consumidor.

 

 

[1] Kotler, Philip (2000), Administração de Marketing, 10ª edição, São Paulo, Prentice Hall.

[2] A palavra “engagement”, em inglês, também significa noivado ou compromisso, sendo amplamente utilizada no Marketing para definir a relação entre organização/marca e o consumidor.