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Cidades: escutar residentes, empregadores e trabalhadores

Mihalis Kavaratzis, especialista em Place Branding, em entrevista ao sítio Place Brand Observer, defende que a Internet e as tecnologias digitais contribuíram para uma mudança na gestão das cidades. A comunicação bilateral, mais rápida, acessível e democrática implica alterações na relação entre os governantes e os atores mais importantes em termos de Place Branding: os residentes.

Apesar de se tratar de uma disciplina recente, as cidades começam a preocupar-se cada vez mais com os stakeholders internos – residentes, empregadores e trabalhadores – em detrimento de uma comunicação quase em exclusivo no sentido da atração de turistas e de investidores.

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Durante muitos anos, os responsáveis pelas cidades (ou dos municípios, à escala nacional) consideravam que bastava atrair turistas e investidores para aumentar os rendimentos dos locais e para criar emprego. Ainda que seja inquestionável o crescimento económico de muitas cidades a nível mundial assente nestas duas premissas, a pressão turística e o tipo de investimento registado também desempenharam um papel muito significativo no afastamento de muitos residentes. Mesmo o perfil empresarial foi alterado, através de empregos pouco qualificados, nomeadamente nos serviços e no turismo, na maioria das vezes mal pagos e precários. Acresce ainda que a procura imobiliária, principalmente por parte de investidores estrangeiros, aumentou os preços das habitações e das rendas para valores incomportáveis para muitos daqueles que habitavam as cidades.

É neste contexto que quem tem por missão gerir as cidades necessita de regressar às origens e ouvir os agentes locais sobre o que pretendem para a sua urbe. Medidas avulsas, de bloqueio a investimentos turísticos em certas partes das cidades ou criando medidas que dificultem a compra e venda de imobiliário, só irá ajudar ao regresso de um passado não muito distante onde prédios devolutos, degradados, afastam pessoas e negócios.

A cidade, enquanto marca, terá de ser construída com o apoio de todos, para se fazer dela um elemento de união.