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Inovação: de Marshall ao Manual de Oslo

A inovação é um dos grandes temas da atualidade, mas saberemos do que se trata, do que implica e o que envolve?

No final do século XIX, Alfred Marshall publicou, em oito edições, ‘Principles of Economy’, onde distinguia inovação de otimização (Lazonick, 2005). É dele, igualmente, o conceito de que uma empresa desaparece em três gerações: um empreendedor de excelentes qualidades funda uma empresa que alcança o sucesso; a segunda geração toma o controlo do negócio e, por não possuir as características do fundador, faz com que a empresa cresça mais lentamente ou estagne; por fim, a terceira geração perde o contacto com o legado de inovação do fundador e a empresa desaparece perante a concorrência empreendedora (Lazonick, 2005, p. 31).

Joseph Schumpeter, no entanto, é considerado o primeiro economista a destacar a importância da inovação (Rogers, 1998), tendo influenciado as teorias de inovação (OCDE, 2005). Defendeu que o desenvolvimento económico ocorre devido à inovação por intermédio de um processo dinâmico que Schumpeter denominou como «destruição criativa», no qual inovações incrementais contribuem para o processo da mudança (OCDE, 2005, p. 29). Em 1934, Shumpeter propôs cinco tipos de inovação, parte dos quais ainda hoje se mantêm atuais e considerados no Manual de Oslo:

  • introdução de novos produtos;
  • introdução de novos métodos de produção;
  • abertura de novos mercados;
  • desenvolvimento de novas fontes de matéria-prima ou outros;
  • criação de novas estruturas de mercado numa indústria.

 

O Manual de Oslo, recentemente atualizado, é um instrumento publicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) que oferece as diretrizes para a recolha e interpretação de dados sobre inovação, defende que é «crucial saber porque as empresas inovam» (OCDE, 2005, p. 29) e define inovação como a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, um novo método de marketing ou novas práticas no método organizacional do negócio, na organização do local de trabalho ou nas relações externas (OCDE, 2005, p. 46).

 

Segundo o Manual de Oslo, uma inovação de produto significa a introdução de um bem ou serviço novo ou significativamente melhorado no que diz respeito às suas características ou utilização. Inovação de processo ocorre com a implementação de um método de produção ou de distribuição novo ou significativamente melhorado, como modificações significativas nas técnicas, no equipamento ou no software. Inovação de marketing é a implementação de um novo método de marketing, envolvendo alterações significativas no design de produto ou na embalagem, distribuição, promoção ou preço. Inovação organizacional é a implementação de um novo método de organização das práticas empresariais, do local de trabalho ou das relações externas.

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O investimento no aumento do stock de fatores específicos da empresa – inovação do processo – ou o investimento na criação de um novo stock inicial de fatores específicos da empresa – inovação do produto – são os dois principais tipos de inovação defendidos por Atkeson & Burstein (2010).

Um estudo (Atalay, et al., 2013) realizado junto da indústria de componentes do setor automóvel da Turquia comprovou que, dos quatro tipos de inovação definidos pelo Manual de Oslo, apenas as inovações de produto e de processo aportavam significativo efeito no desempenho das organizações, em consonância com diversos estudos citados pelos autores: Therrien et al., 2011; Gunday et al., 2011; Artz et al., 2010; Cho & Pucik. 2005; Calantone et al., 2002; Robert, 1999; Han et al., 1998; Geroski et al., 1993.

A introdução de novos e melhores produtos é, reconhecidamente, a grande força motriz do desenvolvimento económico das nações «desde os clássicos do pensamento económico à mais recente literatura do crescimento endógeno» (Bratti & Felice, 2012).

Os tipos de inovação podem ser elencados da seguinte forma:

 

Tabela 1 – Classificação da Inovação

Classificação Variável Autores
Inovação de produto

Inovação de processo

Introdução de novos produtos/processos no mercado ou melhoramento dos existentes Abernathy & Utterback (1988); (OCDE, 1992, 1997)
Inovação tecnológica

Inovação social

Modificação no produto/processo ou organização Beije (1998)
Inovação radical

Inovação incremental

Grau de novidade do produto/processo Leifere et al. (2000)
Novo para a empresa

Novo para o mercado

Novidade para a empresa/para o mercado Kemp et al. (2003)

(FONTE: Marques, 2004)

 

Nesta tabela estão definidas as variáveis de inovação por cada classificação e os respetivos autores.

Inovar está, assim, nas mãos daqueles que arriscam, apostam na mudança e revelam-se determinados em trabalhar em prol da criação de valor para as empresas, para a sociedade e para a vida das pessoas.

 

Obras Citadas

Atalay, M., Anafarta, N. & Sarvan, F., 2013. The Relationship between Innovation and Firm Performance: An Empirical Evidence From Turkish Automotive Supplier Industry. Antalya, Elsevier.

Bratti, M. & Felice, G., 2012. Are Exporters More Likely to Introduce Product Innovations?. The World Economy, Volume 35 (11), pp. 1559-1598.

Lazonick, W., 2005. The Innovative Firm. Em: D. C. M. e. R. R. N. Jan Fagerberg, ed. The Oxford Handbook of Innovation. Nova Iorque: Oxford University Press, pp. 29-55.

OCDE, 2005. Oslo Manual – Guidelines for collecting and interpreting innovation data, s.l.: OCDE Publishing.

Rogers, M., 1998. The definition and measurement of innovation, Melbourne: Melbourne Institute of Applied Economy and Social Research – The University of Melbourne.

 

Foto: Joshua Sortino on Unsplash